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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Pesquisadores encontram possível cura para o Greening

Mais de 80% dos insetos que transmitem o HLB morreram nos testes com a técnica de RNA interferente (RNAi)

Cientistas brasileiros e norte-americanos identificaram um gene que poderá ser uma poderosa ferramenta no combate à Huanglongbing dos citros (HLB), também conhecida como greening, a mais importante doença que atinge os citros atualmente.

Batizada de “Met-1”, a sequência isolada pertence ao pequenino inseto que transmite o HLB, o psilídeo Diaphorina citri. O gene mostrou-se essencial para a sobrevivência do inseto, tornando-se um forte candidato a ser silenciado pela técnica de RNA
interferente (RNAi). A descoberta gerou pedido de patente nos Estados Unidos. A pesquisa foi feita por meio de parceria entre Embrapa e o Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura daquele país (USDA/ARS) no âmbito do Programa Embrapa Labex-USA.

Mais de 80% dos insetos morreram

Em testes de laboratório, mais de 80% dos psilídeos que se alimentaram em plantas contendo RNAs idênticos ao gene Met-1 morreram. O RNA misturado à água é absorvido pela planta por meio de suas raízes, e passa a circular pelo xilema e floema, seu sistema de vasos que movimenta água e seiva elaborada, respectivamente.

Ao se alimentar nesses vasos, o inseto ingere também o RNA, que uma vez dentro das células do inseto, leva ao “silenciamento” (desligamento da expressão) do gene Met-1, causando a morte do inseto. Assim como o Met-1, foram testadas mais duas dezenas de genes, sendo que ele apresentou o maior índice de mortalidade dos insetos. O objetivo desse trabalho é desenvolver estratégias de controle da doença por meio do combate ao psilídeo, e que seja inofensivo a outros seres vivos e ao ambiente.

O RNAi é uma das mais recentes ferramentas da biotecnologia e tem a vantagem de atingir seu alvo com grande precisão, pois se baseia no código genético do organismo-alvo. “Podemos dizer que o RNAi possui uma precisão cirúrgica, pois permite afetar especificamente o gene-alvo apenas no organismo de interesse”, declara Eduardo Chumbinho de Andrade, pesquisador do Programa Embrapa Labex-USA, que conduziu a pesquisa em parceira com Wayne Hunter, pesquisador do ARS – Horticultural Research Laboratory USDA, em Fort Pierce, no Estado da Flórida.

Aplicação da tecnologia

Eduardo Chumbinho, pesquisador do Programa Embrapa Labex-USA, diz que a técnica RNAi será mais uma ferramenta a ser utilizada de maneira integrada para o combate ao HLB. “Não há até o momento uma solução única para o HLB, e o manejo adequado da doença irá ocorrer com o desenvolvimento e emprego conjunto de diferentes tecnologias”, diz o pesquisador.

Com esse objetivo, foi estabelecido o Arranjo HLB, coordenado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura. O arranjo contempla um conjunto de projetos de pesquisa organizados em grandes áreas como fitopatologia, diagnose, melhoramento tradicional, sistemas de produção, biotecnologia (do qual faz parte a técnica RNAi) e biomatemática, que já desenvolveu um sistema que prevê a dispersão do HLB.

O pesquisador diz ainda que a tecnologia de RNAi pode ser aplicada em outras abordagens. “Como é um mecanismo que ocorre em todos os organismos eucariotos [que possuem células com núcleo individualizado], ela pode ser utilizada para se controlar doenças causadas por fungos e nematoides. Além disso, vírus também podem ser alvos da técnica, nesse caso, a ideia é fazer o mecanismo de RNAi degradar o RNA do vírus”, afirma. Segundo o pesquisador, a tecnologia permite alterar a expressão de genes na planta visando melhorar sua qualidade, em ter frutos com maior teor de determinada vitamina.

Fonte: sfagro.uol.com.br